Campus Poços de Caldas

Egressa das Ciências Biológicas publica, em revista internacional, trabalho sobre besouro do feijão

A ex-aluna da Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS – Campus Poços de Caldas, Cindi Preto Corrêa, acabou de publicar um trabalho na Physiological Entomology, uma importante revista inglesa vinculada a Royal Entomological Society, a sociedade de entomologia mais antiga do mundo. Intitulado “O que os pais comem e o tipo de semente em que vão hospedar seus ovos determinam as chances de sucesso dos descendentes na espécie de besouro Zabrotes subfasciatus”, o trabalho de Cindi é resultado de sua iniciação científica (PIBIC da FAPEMIG e CNPq institucional), realizada enquanto licencianda em Ciências Biológicas do Campus Poços de Caldas, sob a orientação da Profa. Isabel Ribeiro do Valle Teixeira. Para acessar a publicação do trabalho, clique aqui.

A pesquisa concluiu que os besouros Zabrotes subfasciatus têm uma peculiaridade: os adultos conseguem viver e reproduzir bem, sem a necessidade de se alimentarem ou de beberem água. Esses recursos vitais são obtidos pelo inseto em sua fase imatura, que ele desenvolve dentro de um grão, geralmente de feijão. “Nesse trabalho, comprovamos que o tipo de semente hospedeira, que está presente no ambiente, vai influenciar o quanto o besouro irá ingerir desse alimento. No experimento, deixamos disponível levedo e açúcar e, em relação aos hospedeiros, disponibilizamos feijão nas variedades Carioca, Preto, Jalo, Feijão Frade e Fava. Esses insetos ingeriram tanto o açúcar como o levedo, porém de forma diferente, dependendo do tipo de semente hospedeira. Na presença, por exemplo, do feijão do tipo Carioca, eles ingeriram mais açúcar e mais levedo em relação aos outros hospedeiros e isso levou que colocassem ovos maiores. Ovos maiores garantem maior quantidade de alimento para o embrião em desenvolvimento, o que resultou em maior taxa de natalidade dos descendentes. A ingestão de açúcar também resultou em maior longevidade dos adultos. Por sua vez, quando deixamos na presença de uma semente hospedeira em que as fêmeas não estão acostumadas a colocar os seus ovos, como a Fava, elas evitam comer açúcar ou levedo. A pesquisa nos dá dados fisiológicos importantes sobre como o alimento pode influenciar na biologia e no sucesso reprodutivo dos animais”, afirmou a professora Isabel. A docente explicou ainda que o impacto econômico e social desses insetos é bem grande, tendo em vista que o feijão é a principal fonte de proteína em muitos países em desenvolvimento, como nas Américas Central e do Sul, bem como na África, e considerando que, em alguns países, esses besouros chegam a consumir 25% dos grãos de feijão produzidos e armazenados.

A revista Physological Entomology, que publicou o trabalho, possui Qualis A2 em Biodiversidade e está vinculada a Royal Entomological Society, sociedade fundada em 1833 e por onde já passaram muitos cientistas famosos, como Charles Darwin e Alfred Russel Wallace. O trabalho de pesquisa contou com a colaboração do Prof. Paulo Ávila (IFSULDEMINAS – Campus Poços de Caldas), que desenvolveu um software para medição dos ovos de Zabrotes subfasciatus. O Prof. Luiz Beijo, da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), também auxiliou nas análises estatísticas, juntamente com a doutoranda Bianca, que fez alguns experimentos complementares com a co-orientação do Prof. Angel Roberto Barchuk (UNIFAL). O grupo de pesquisadores do IFSULDEMINAS e da UNIFAL vem realizando, há vários anos, estudos conjuntos sobre insetos. No início de 2019, o grupo se estabeleu oficialmente, com vários projetos de pesquisa em andamento.