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Publicado: Quinta, 26 de Dezembro de 2024, 15h30 | Última atualização em Segunda, 06 de Janeiro de 2025, 16h32 | Acessos: 114

Professor do IFSULDEMINAS compartilha experiência em cooperação internacional no Timor Leste

Imagem do WhatsApp de 2024 12 05 às 14.16.07 fcd14c44 Copia 2Em uma iniciativa para impulsionar a educação técnica no Timor Leste, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), junto à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC), selecionou docentes da Rede Federal para o Projeto-Piloto de Formação de Docentes do Ensino Secundário Técnico-Vocacional.

A parceria com o Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (INFORDEPE/Timor Leste) permite a capacitação de professores timorenses em áreas estratégicas, como Contabilidade, Comércio, Secretariado, Gestão de Equipamentos Informáticos, Produção Agrária e Construção Civil, reforçando o sistema educacional do país.

O projeto, fruto de um acordo de cooperação técnica entre os governos do Brasil e do Timor Leste, teve início no segundo semestre de 2024 e ocorre no país asiático, contemplando quatro municípios: Baucau, Covalima, Ermera e Díli, capital do país. No total, 133 professores do ensino técnico-vocacional estão sendo capacitados por meio do programa, nesta primeira etapa.

Representando o IFSULDEMINAS - Campus Poços de Caldas, o professor Sergio Pedini foi um dos docentes selecionados para essa importante ação internacional. Nesta entrevista, ele compartilha com a Assessoria de Comunicação do campus detalhes de sua experiência no Timor Leste, os desafios enfrentados e as contribuições realizadas para o desenvolvimento da educação técnica no país.


Imagem do WhatsApp de 2024 12 06 às 10.42.10 be3f2d62No que consiste o Projeto-Piloto de Formação de Docentes no Timor Leste?

O projeto consiste na formação de docentes do Timor, executado por professores brasileiros da rede federal, nas ESTV, que são escolas do Sistema Secundário Técnico-Vocacional. Então, são escolas que oferecem cursos técnicos muito parecidos com os nossos cursos técnicos subsequentes. Então, foi elaborado um projeto entre o MEC, através da SETEC, o CONIF, com apoio da ABC, Agência Brasileira de Cooperação, que é ligada ao Itamaraty, onde o governo timorense se encarregou de definir quais eram as escolas.

Foram 11 docentes do Brasil que atuaram em 11 escolas no Timor-Leste. E aí foi feita uma divisão temática, também elaborada pelo governo do Timor-Leste, que foi de TI, Tecnologia da Informação, Construção Civil e Comércio e Empreendedorismo, para atuar nessas escolas.

Qual foi a realidade encontrada pelos docentes brasileiros no país asiático?

Os docentes brasileiros encontraram uma realidade muito difícil e desconhecida, porque o projeto foi executado de forma muito rápida, então não houve tempo de uma prospecção inicial, de um planejamento inicial. Então, essas escolas foram definidas pelo governo timorense, e lá, já no Timor, foi feita uma preparação de 15 dias para conhecer o ambiente de cada um.

E aí foram encontradas dificuldades imensas de deslocamento, as escolas sem infraestrutura, algumas escolas sem banheiro, água de baixa qualidade e nem sempre frequente, a internet muito ruim, quando existia. Essa foi a realidade. Agora, para sobreviver por esse período, o próprio governo timorense também pagou uma bolsa de manutenção deles lá, sendo que a passagem foi paga pelo governo brasileiro.

Imagem do WhatsApp de 2024 12 08 às 14.37.14 a8a1f72a CopiaDentre as necessidades mais prementes da sistema educacional timorense, o que foi possível identificar?

Foram identificadas muitas necessidades. Evidentemente que o objeto do projeto foi a formação desses docentes, mas vai muito além, porque o país é muito jovem, enquanto república independente. Passou por um processo de devastação com a saída da Indonésia do país, então eles precisam de toda uma reformulação de estrutura viária, infraestrutura das escolas, o sistema de água é muito complexo por conta dessa falta de infraestrutura. Dentro das escolas existe uma necessidade premente de revisão dos PPCs, dos projetos pedagógicos dos cursos, do processo educacional.

Ainda hoje eles usam livros em português de 2013, então há uma necessidade de adaptação nesse sentido. E uma coisa que foi detectada foram os métodos de ensino. Eles usam métodos de ensino muito arcaicos, e nisso os professores brasileiros contribuíram, mostrando métodos diferenciados, metodologias ágeis, visitas técnicas que eles nunca fizeram.

Quais as perspectivas futuras para o desenvolvimento do Programa por parte do governo brasileiro, diante da realidade social identificada no Timor Leste?

Existem, sim, perspectivas futuras do projeto, desde que sejam pelo menos parcialmente sanadas as dificuldades que foram identificadas. Então, da forma como está, por exemplo, professores muito isolados, em estradas perigosas, isso não vai mais acontecer, nós não podemos colocar os nossos professores em risco. Então, foram definidas novas ações, por exemplo, concentrar a formação em 2025 na capital, que também carece de infraestrutura, mas é muito melhor que a do interior, e também numa perspectiva de transformar essas unidades da capital numa espécie de centro de formação em que os professores do interior, sim, se desloquem para ter uma capacitação nessa espécie de centro de referência e formação.

Apareceram novas demandas de revisão da estrutura curricular de todos os cursos técnicos deles, a criação de novos cursos, de uma escola técnica de café. O café é uma produção importante, é o segundo produto do PIB próprio deles, e essa ideia de cooperar com os professores no sentido de trazê-los para o Brasil também, para uma formação acadêmica na Rede Federal, que tenha esse viés mais prático.

Como as ações desta cooperação podem impactar no futuro da educação tecnológica do Timor Leste?

Imagem do WhatsApp de 2024 12 04 às 16.58.45 ed9ff640 CopiaEm todos os projetos de cooperação internacional brasileira, nesse caso que envolve a Rede Federal, eles são muito focados nos países da CPLP, Comunidade de Países da Língua Portuguesa. E, via de regra, são países muito jovens, claro, com exceção de Portugal. São ex-colônias que têm uma infraestrutura extremamente precária, mas que precisam ter um avanço tecnológico, produtivo, econômico e social. Então, todos esses processos de impacto na educação profissional e tecnológica têm um foco, um objetivo maior, que é fazer com que o país se desenvolva, porque é muito fácil dizer que eles não têm infraestrutura.

Mas, para ter infraestrutura, eles precisam se promover economicamente. Então, é uma tentativa de ajudar, colaborar nesse sentido. Inversamente, contrário ao que os países europeus faziam, enquanto detentores dessas colônias, que era apenas de extração de recursos, de exploração, era um outro foco. Agora, não. A ideia é fazer com que eles cooperem e se tornem países autossuficientes, independentes, mas com o desenvolvimento social e econômico ideal.


Confira algumas fotos da cooperação internacional:

Texto: ASCOM - Campus Poços de Caldas
Fotos cedidas peo Prof. Sergio Pedini

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